Autor: Aloísio Sotero

Começo esse artigo lembrando uma leitura nos idos de 1996, quando o então renomado economista Paul Krugman, e depois prêmio Nobel de Economia, em 2008, escreveu sua visão sobre como gerir a economia de um país e o quanto isso se diferencia de ser um excelente gestor privado. Krugman já dizia “Um país não é uma grande corporação. Os hábitos mentais que fazem um grande líder de negócios não são, em geral, aqueles que fazem um grande gestor público”.
Pois bem. Voltemos ao presente. O recente convite feito ao empresário fundador do grupo Wizard, Carlos Wizard, para compor equipe de conselheiros "pro bono" do ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello é mais um exemplo entre tantos outros, que já passaram não só aqui no Brasil, como também em outras países.
Infelizmente, em pronunciamentos desastrosos, Wizard que seria nomeado para a secretaria da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, nem chegou a aceitar e pediu desculpas publicamente pelas indelicadas sugestões feitas como, por exemplo, de recontar os mortos da Covid-19.
O que quero afirmar com esse recente caso aqui em nosso País?
Em geral, os empresários lidam com sistemas de gestão movidos a feedbacks positivos de fácil correção. E os retornos negativos podem ser ajustados rapidamente. No mundo corporativo, entretanto, o foco são os clientes e a sua empresa. Simples Assim!
Já no ambiente público, os gestores quer sejam políticos ou não, lidam com sistemas de feedback negativo de difícil correção, pois exigem múltiplos agentes envolvidos que sofrem opiniões e pressões externas. A opinião pública se forma de múltiplos agentes que não são clientes. Esse é um ponto.
No Poder Público, a forma de comunicar e seu tom chegam até a desconfigurar um bom conteúdo. O cuidado deve estar também no envelope da mensagem. Wizard, infelizmente, não estava preparado para tal envelopamento. Os envelopes ajudam a valorizar o conteúdo das cartas
"Os hábitos de um grande empresário não são em geral aplicáveis na gestão pública”.
Como lembra o prêmio Nobel de Economia Paul Krugman "o líder empresarial que deseja se tornar um gestor público deve aprender um novo vocabulário e um conjunto de conceitos antes de fazer qualquer pronunciamento em sua nova área de atuação".
Não se administra um país como se fosse uma grande empresa nem uma grande empresa como se fosse um país. O que Krugman quer dizer: “estilo de pensamento necessário para uma gestão pública é muito diferente daquele que leva ao sucesso nos negócios”.
Para Krugman, ao entender essa diferença podemos começar compreender melhor o que significa fazer uma boa política pública e talvez até ajudar alguns empresários a se tornarem grandes gestores públicos. Como também bons gestores públicos podem não ser bons empresários. Cada sistema tem sua lógica.
Simples Assim! Parafraseando Paul Krugman "A country is not a company" na HBR Havard Business Review 1996.
Aloísio Sotero é professor de Finanças Corporativas e Diretor de Educação Executiva & Lifelong Learning da BAEX .
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