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Breves Lições sobre Mundo Pós Pandemia 2020



Cada vez mais atual e necessário refletirmos sobre a Pandemia. Dia após dia ocorrem novas facetas do coronavírus, que se transforma numa velocidade acelerada, construindo um cenário geopolítico de distribuição das diversas vacinas em escala global. Sem esquecer das novas regras de biossegurança.


Por isso, se não leu as reflexões do filósofo e historiador Yuval Harari recomendadas em seu livro "Notas sobre a Pandemia, Breves Lições para o Mundo Pós Coronavírus"

não deixe de ler. Até porque " livro novo é aquele que você ainda não leu".


Harari reuniu uma coletânea inédita de artigos e entrevistas desde março de 2020 publicadas nas revistas, jornais e canais de TV do mundo com insights e um debate precioso sobre os impactos da Covid-19 na economia, governos e na sociedade como um todo.


Uma crise alem de questão sanitária


O historiador defende a ideia que só podemos vencer o vírus com informação, confiança e colaboração. Assim provamos que somos Homo Sapiens. A crise da Covid-19 não representa apenas um problema de saúde pública, mas a partir dela veio uma grande crise política e econômica em todos os continentes.



Contaminação além das fronteiras geográficas


A coisa mais importante que as pessoas precisam compreender sobre a natureza das epidemias talvez seja que sua propagação em qualquer país põe em risco toda a espécie humana, diz Yuval Harari.


Um traço marcante de todas as crises é o esquecimento de respostas aos desafios delas decorrentes. Para o autor as crises serão vencidas com respostas no presente às perguntas que ficaram mudas no passado.


A humanidade sobreviveu a muitas crises sanitárias, como a epidemia da Aids, a da gripe de 1918 e a peste negra. Em termos médicos, a covid-19 é muito menos perigosa que algumas das doenças que já enfrentamos. No começo dos anos 1980, se você contraísse Aids era morte certa.


A peste negra matou entre um quarto e metade das populações atingidas. A gripe de 1918 matou mais de 10% da população total em alguns países.


Apenas para comparar, não para celebrar, a não ser que alguma mutação perigosa ocorra é pouco provável que a Covid-19 mate mais do que 1% da população em qualquer país, destaca Harari .


O fato é que a humanidade está mais preparada para enfrentar essa pandemia veloz e letal pela sua abrangência, desde que fundem-se as suas ações em cooperação, confiança global e informações críveis.


Essa pandemia um grande teste de cidadania


Esta não é uma história da pandemia da Covid-19 e da crise do coronavírus. Haverá tempo suficiente no futuro para escrever essa história, diz mais uma vez Harari. "O desafio é o que devemos fazer aqui e agora", defende o historiador israelense.


A epidemia do coronavírus é, portanto, um grande teste de cidadania. As melhores mentes humanas já não gastam seu tempo tentando dar um sentido à morte. Em vez disso, ocupam-se em prolongar a vida. Assim são as vacinas em escala global.


Em vez de prometer algum tipo de paraíso no pós-vida, agora enfatizam o que podem fazer nesta vida. Por séculos a fio, as pessoas usaram a religião como um mecanismo de defesa, acreditando que existiriam para sempre uma vida eterna no pós-vida. Agora nos interessa saber o que vamos fazer nessa vida .


Harari também nos traz à memória uma outra referência à vida . "Depois da morte, como saber se as pessoas se lembram de você ou não? Certa vez perguntaram ao ator e diretor Woody Allen se ele desejava viver eternamente na memória dos cinéfilos. Allen respondeu: “Prefiro continuar vivendo no meu apartamento”.


Além do mais, perguntar não apenas como superar a ameaça imediata, mas também que tipo de mundo habitaremos uma vez passada a tempestade. Sim, a tempestade passará, a humanidade sobreviverá, a maioria de nós ainda estará viva — mas viveremos um mundo diferente. Muitas medidas emergenciais de curto prazo se tornarão parte da nossa vida. Essa é a natureza das emergências: elas aceleram os processos da história.


Como responder a "fadiga da pandemia"


Agora não é o momento de escrevê-la, mas de fazer a história, através das decisões que tomamos no presente. Como historiador , "não posso oferecer aconselhamento médico, nem prever o futuro". Lembro que o vírus não molda a história. Os humanos, sim. Somos muito mais poderosos do que os vírus, e cabe a nós decidir como responderemos a esse desafio.


O aspecto do mundo depois da covid-19 depende das decisões que tomarmos hoje, comenta Harari. O maior risco que enfrentamos não é o vírus, mas os demônios interiores da humanidade: o ódio, a ganância e a ignorância.


O ódio


Podemos reagir à crise propagando ódio, por exemplo, culpando estrangeiros e minorias pela pandemia ou politizando cada palavra semeando a discórdia ou como políticos rivais empurram a responsabilidade uns para os outros como quem lança uma granada de mão sem pino.


A ganância


Podemos reagir à crise estimulando a ganância explorando a oportunidade para aumentar os lucros, como fazem as grandes corporações ou governos corruptos desviando recursos públicos para enriquecimento pessoal ou de grupos políticos. Estimulando fraudes e desvios de recursos .


Da ignorância ao negacionismo


E podemos reagir à crise disseminando ignorância espalhando e acreditando em ridículas teorias da conspiração ou em curas mágicas que enganam a mente das pessoas. Se assim reagirmos será muito mais difícil lidar com a crise atual e o mundo pós-covid-19 será um mundo desunido, violento e pobre.


E agora quando chegam as vacinas


Podemos reagir gerando compaixão, generosidade e sabedoria, prega Harari. Este é um bom exemplo da luta pela vida e não uma guerra onde se busca com armas de destruição eliminar pessoas. Como o vírus nos ataca. Os humanos são especialmente vulneráveis às epidemias, pois somos animais sociais. E é assim que epidemias se propagam.


O que é capcioso nos vírus é que eles muitas vezes usam os melhores instintos da natureza humana contra nós mesmos. Por mais paradoxal que seja, somos atacados não apenas porque gostamos de socializar, mas também pelo fato de que ajudamos uns aos outros. Quando alguém adoece, a coisa óbvia e natural a fazer, especialmente quando se trata de um membro da família ou um amigo é prestar auxílio, cuidar, dar apoio emocional, tocá-lo, abraçá-lo. E é exatamente assim que o vírus se propaga.


Então o vírus se vale das melhores partes da natureza humana contra nós. E há dois modos de lidar com isso: um é dar informação às pessoas. Se as pessoas confiam nas informações que recebem elas podem temporariamente mudar de comportamento até o fim da epidemia.


Uma guerra contra as fake news e os algoritmos das sociais mídias


E para finalizar, Harari nos alerta: se as pessoas não acreditarem nas informações que recebem e se não agirem movidas pela confiança, poderão ser obrigadas a isso por um regime onipresente de monitoramento. Essa é a coisa mais perigosa. Espero que a humanidade não siga nessa direção da "marcha da insensatez".


Gostaria também de destacar a atitude exemplar de Yuval Noah Harari, em julho de 2020 , onde o autor abriu mão dos direitos autorais deste livro para que a editora possa doar parte do resultado das vendas para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que ajuda as vítimas da Covid-19 no Brasil.




Aloisio Sotero é professor de Finanças para Economia Digital e cofundador . Professor da BAEX, Escola internacional de Educação para Executivos e conselheiro Editorial do Jornal do Sertão

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